Só Hoje ...

Se usarmos nosso tempo, dedicação, atenção, para proclamarmos sorrisos, felicidade e amor, tudo fica melhor, tudo se transforma ...







Matematica II

Geometria:


APRESENTAÇÃO 
Visualizar é uma das habilidades mais importantes para o desenvolvimento do aluno com relação aos conceitos da geometria espacial. Contudo, um professor típico dispõe (e usa) apenas o livro texto como ferramenta didática para o ensino deste assunto. Sendo mídias bidimensionais, a página de um livro ou o quadro-negro não são os instrumentos mais adequados para se treinar visualização. O emprego de materiais concretos se põe como uma excelente alternativa para explorar o assunto. Outra abordagem promissora é o uso de recursos computacionais: modelos tridimensionais podem ser manuseados virtualmente na tela de um computador, construindo assim uma ponte entre a representação planar (quando o sólido está estático na tela do computador) e o modelo concreto (quando o usuário interage com o sólido). Neste contexto, o objetivo desta atividade é criar uma pequena enciclopédia virtual interativa sobre os sólidos platônicos, apresentando suas propriedades matemáticas, os aspectos históricos, suas aplicações e modelos virtuais interativos.


DEFINIÇÕES 
A palavra poliedro tem sido usada em diferentes épocas por diferentes pessoas com os mais variados significados (muitas vezes, incompatíveis entre si). Não é raro que uma mesma pessoa use o mesmo termo com interpretações diferentes em momentos diferentes. Sem uma definição precisa, interpretações equivocadas (como, por exemplo, sobre a validade do Teorema de Euler) podem aparecer. Não nos deteremos nas nuances do significado da palavra. Para nossas necessidades, usaremos a seguinte definição de poliedro convexo:
Definição. Um poliedro é uma reunião de um número finito de polígonos planos, onde cada lado de um destes polígonos é também lado de um, e apenas um, outro polígono. Cada um destes polígonos chama-se uma face do poliedro, cada lado comum a duas faces chama-se umaaresta do poliedro e cada vértice de uma face é também chamado vértice do poliedro. Todo poliedro limita uma região do espaço chamada de interior deste poliedro. Dizemos que um poliedro é convexo se o seu interior C é convexo, isto é, quando qualquer segmento de reta que liga dois pontos de C está inteiramente contido em C. Em um poliedro convexo toda reta não paralela a nenhuma de suas faces o corta em, no máximo, dois pontos.

Aqui nos restringiremos à classe de poliedros regulares:
Definição. Um poliedro convexo é regular quando (a) suas faces são polígonos regulares e congruentes entre si e (b) o número de faces concorrentes em cada vértice é sempre o mesmo.

Observe que o item (b) desta definição não segue de (a): as faces da bipirâmide pentagonal J13 (Figura 1), por exemplo, são triângulos equiláteros congruentes, mas o número de faces concorrentes em cada vértice não é sempre o mesmo.

Figura 1: A bipirâmide pentagonal J13 (clique e arraste a figura).


SÓ EXISTEM CINCO SÓLIDOS PLATÔNICOS 
Uma pergunta natural é se existe algum poliedro que satisfaz a Definição 2. Euclides inicia o Livro XIII de Os Elementos mostrando que existem pelo menos cinco deles: o tetraedro regular (Figura 2), o cubo ouhexaedro regular (Figura 3), o octaedro regular (Figura 4), o dodecaedro regular (Figura 5) e o icosaedro regular (Figura 6).

O sufixo edro vem da palavra grega hédra que significa face. Os prefixos, também oriundos do grego, indicam a quantidade de faces de cada poliedro: tetra (4), hexa (6), octa (8), dodeca (12) e icosa (20). A palavracubo vem do latim cubu (estar deitado, estar estirado; repousar; estar deitado à mesa) e do grego kýbos.

Figura 2: O tetraedro regular (clique e arraste a figura).


Figura 3: O cubo (clique e arraste a figura).


Figura 4: O octaedro regular.


Figura 5: O dodecaedro regular (clique e arraste a figura).


Figura 6: O icosaedro regular (clique e arraste a figura).
Existem outros sólidos platônicos além destes cinco? A resposta é não! Apresentaremos aqui duas justificativas para este fato. A primeira, mais geométrica, segue a demonstração dada originalmente por Euclides. A segunda faz uso da fórmula de Euler.
Demonstração geométrica
Usaremos a seguinte propriedade fundamental: a soma dos ângulos dos polígonos em volta de cada vértice de um poliedro é sempre menor do que 360°. Esta é a proposição 21 do Livro XI do Os Elementos de Euclides. Apesar de intuitiva, a demonstração apresentada por Euclides é elaborada, sendo decorrente de uma sequência de resultados auxiliares [Joyce, 2008].

Vamos agora analisar as diversas possibilidades de união de faces em torno de cada vértice, lembrando que (1) em um sólido platônico as faces são polígonos regulares congruentes e (2) são necessárias pelo menos três faces unidas em cada vértice para formar um sólido.

1. As faces são triângulos equiláteros com ângulos internos de 60°. Temos as seguintes possibilidades:
N. de Triângulos EquiláterosSoma dos ÂngulosPoliedro Formado
3180°Tetraedro
4240°Octaedro
5300°Icosaedro
≥ 6≥ 360°Não existe

2. As faces são quadrados com ângulos internos de 90°. Temos as seguintes possibilidades:
N. de QuadradosSoma dos ÂngulosPoliedro Formado
3270°Cubo
≥ 4≥ 360°Não existe

3. As faces são pentágonos regulares com ângulos internos de 108°. Temos as seguintes possibilidades:
N. de Pentágonos RegularesSoma dos ÂngulosPoliedro Formado
3324°Dodecaedro
≥ 4≥ 360°Não existe

4. Se as faces são polígonos regulares com n ≥ 6 lados, então a soma dos ângulos dos polígonos em torno de cada vértice é ≥ 360°. Sendo assim, não existe nenhum sólido platônico com faces hexagonais, heptagonais, etc.
Demonstração topológica
Daremos uma outra demonstração para o fato de que só existem cinco sólidos platônicos, usando agora a fórmula de Euler: se V é o número de vértices, A é o número de arestas e F é o número de faces de um poliedro convexo, então
V − A + F = 2.(1.1)

Uma demonstração deste belíssimo resultado pode ser encontrada em [Lima, 1991]. A referência [Eppstein, 2008] apresenta 19 demonstrações diferentes para a fórmula de Euler (incluindo uma prova usando cargas elétricas).

Considere então um sólido platônico cujas faces são polígonos regulares de n lados. Como cada aresta do poliedro é definida pela interseção dos lados de dois polígonos adjacentes, segue-se que se contarmos todos os lados de todos os polígonos, iremos contar duas vezes cada aresta do poliedro. Desta maneira:
n • F = 2 • A.(1.2)

Denote por p o número de arestas do poliedro que concorrem em um mesmo vértice. Cada uma destas arestas, a exemplo das faces, se conecta a dois vértices. Assim, se contarmos o número de arestas em cada face, estaremos contando duas vezes o número de arestas do poliedro. Portanto:
p • V = 2 • A.(1.3)

Substituindo-se os valores de V e F das Equações (1.2) e (1.3) na Equação (1.1), teremos que 2 • A/p − A + 2 • A/n = 2 ou, ainda, 1/p − 1/A + 1/n = 1/2. Consequentemente,
A = (2 • n • p)/(2 • n + 2 • p − n • p).(1.4)

Como o número A de arestas deve ser positivo, temos que 2 • n + 2 • p − n • p > 0, ou seja,
(2 • n)/(n − 2) > p.

Uma vez que p ≥ 3, concluímos que, obrigatoriamente, n < 6. As possibilidades são então as seguintes:
1.
Se n = 3, então A = 6 • p/(6 - p) e, portanto, F = 2 • A/n = 4 • p/(6 − p). Desta última fórmula segue-se que p < 6. Agora:
(a) Se p = 3, então F = 4. Neste caso, o poliedro formado é o tetraedro.
(b) Se p = 4, então F = 8. Neste caso, o poliedro formado é o octaedro.
(c) Se p = 5, então F = 20. Neste caso, o poliedro formado é o icosaedro.
2.
Se n = 4, então A = 4 • p/(4 - p) e, portanto, F = 2 • A/n = 2 • p/(4 − p). Desta última fórmula segue-se que p < 4. Sendo assim, p = 3 e, portanto, F = 6. Neste caso, o poliedro formado é o cubo.
3.
Se n = 5, então A = 10 • p/(10 - 3 • p) e, portanto, F = 2 • A/n = 4 • p/(10 − 3 • p). Desta última fórmula segue-se que p < 10/3. Sendo assim, p = 3 e, portanto, F = 12. Neste caso, o poliedro formado é o dodecaedro.


Assistam ao vídeo: Sólidos Platônicos
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